domingo, 8 de fevereiro de 2009

Makeover

Olá.
Já não escrevo há algum tempo. Não porque não tenha vontade e assuntos, mas pela minha falta de tempo. Pois é: muito trabalho.

Todos os dias ouço histórias de vida, todos os dias leio relatos de percursos, de experiências, de trajectórias, de sonhos. Relatam sobretudo momentos de sobrevivência e de transformação, momentos de crise e de resiliência, de resistência a grandes adversidades. Há vidas que se adivinham em cada linha do rosto, e há outras que se escondem por de trás de sorrisos.

Neste meu trabalho diário, com personagens da sua própria história, é particularmente gratificante perceber o impacto que se tem na visão que cada um tem de si, nas possibilidades que descobriram e nas portas ou janelas que se vislumbram.

Tentei escrever a minha história de vida, desisti. Um dia terei mesmo que o fazer. Desisti, pois a minha história, como a da maioria das pessoas, é feita de momentos particularmente complicados de lembrar. Momentos em que a resistência fisica, emocional, e tudo foi posto à prova. Cresci com cada um deles, foram particularmente dolorosos, alguns do ponto de vista fisico outros emocionalmente dificeis.

Sobrevivi quando tudo indicava o contrário, sou por isso mais uma das resistentes. Tenho tido a capacidade de começar de novo, em muitas esferas da minha vida, tenho tido a resistência e continuado a sorrir, a ter sentido de humor, a respirar fundo e pensar - "vamos lá". Sou cerebral, racional, e sinto-me particularmente vitoriosa por conseguir continuar a sentir e ser capaz de ter empatia, de me pôr no lugar do outro. Endureci, mas não embruteci.

A minha vida tem sido um constante makeover. Reconstruir. Vou entrar numa nova etapa, numa nova mudança. Ainda bem... Mais um novo crescimento, vai ser complicado, mas vai ser bom!

Em todos os momentos complicados da minha vida achei que não iria ter força ou a coragem para continuar, mas surpreendentemente cá estou eu. Tenho plena noção das minhas fragilidades, de quem sou, daquilo que é a minha identidade, que se constroi e transforma todos os dias. Tenho noção do que preciso, do que represento para algumas pessoas, das minhas carências e dos meus momentos bons e maus, da necesidade de estar sózinha e da importância da liberdade que usufruo no meu quotidiano. Mas tenho acima de tudo a consciência da importância do outro na minha vida.

Ninguém cresce ou se transforma sozinho. Nada se compara ao calor de um toque, ao conforto de um ombro, por muito aliciante que nos pareça o nosso sofá.

Espero ter a coragem e a capacidade de renascer e de me reconstruir muitas vezes. Não sei se vou ser sempre capaz de o fazer, mas vou sempre tentar.

Greatings

NSAS