terça-feira, 5 de maio de 2009

Perspectivas...

É engraçada a forma como construímos a realidade. Exactamente, é isso mesmo! Construímos a realidade.

Aquilo que vemos, sentimos, ouvimos, percebemos, assimilamos, ou até mesmo sobre o que criamos conhecimento, depende da forma, do ângulo, do óculo sob o qual aprendemos o fenómeno. Se não vejamos.

A ciência está em constante evolução, na tentiva da descoberta da verdade sobre um determinado fenómeno. Um dia uma determinada coisa faz mal à saúde, no outro dia já é óptimo. Isto porque a produção de conhecimento está constantemente a processar-se e por outro porque depende da teoria (perspectiva) que enforma a investigação.

Nas ciências sociais e humanas as perspectivas, teorias (não interessa a designação) são de importãncia suprema na produção de conhecimento. Vejamos a condição de normalidade. Primeiro vamos definir o conceito de 'normal'.
Normal é algo que é exibido na generalidade da população (podem ser comportamentos, atitudes, hábitos, etc). Note-se que eu usei a palavra algo, um fenómeno diriam os ciêntistas sociais e os restantes. Estou a tentar afastar-me das perspectivas cientificas e focar-me no dia-à-dia.

Um exemplo: nos tempos dos nossos pais a normalidade no ritual do namoro, era o dia fixo, as saídas acompanhadas, o namoro por carta, à janela e ao portão. Hoje em dia a normalidade do ritual do namoro passa pelo msn, pelo sms, passa necessariamente pela tecnologia. E isso é tido como normal. Mas onde fica a pessoalidade do toque. a leitura do olhar, do comportamento não verbal e das coisas que são ditas em susurro?
Ups.... há os smiles e todos os símbolos que tentam expressar emoções.

Como este exemplo existem muitos outros, que indiciam a mudança social e a transformação dos fenómenos. Em sociologia fala-se em fenómeno social total, para basicamente se dizer que os fenómenos são de tal ordem complexos, que a sua apreensão, compreensão e explicação precisa de várias metodologias e ciências. No fundo perspectivas.

Vamos à nossa vida comum, e deixemo-nos de cientismos.
Conhecem muito provavelmente o exemplo do copo meio cheio e do copo meio vazio. É a diferença de perpectivas vista pelo óculo do optimista e pelo óculo do pessimista. É bem melhor ser optimista, têm na generalidade dos casos bem mais sucesso na sua trajectória de vida, pois são bem mais resistentes à frustração.

O que é certo é que vemos a realidade e os outros tendo por base uma lente que somos nós próprios. Lemos a realidade tendo por base as nossas experiências, a forma como crescemos, fomos educados, do nosso grupo social de origem, do nosso estado de espírito e de humor, e sobretudos dos nossos objectivos.
Lemos a realidade tendo por base também o conhecimento que temos sobre ela. Podemos de facto estar certos ou podemos estar absolutamente desviados, tal qual um piloto numa caravana no deserto.

Como é que garantimos que a nossa perspectiva, noção da realidade está o mais próxima possível da verdade?

Questionando, perguntando, tendo sempre em consideração a perspectiva do outro. É que a realidade é constrída por comparação pela negação. Eu sei que sou magro porque não sou gordo. Eu concordo porque não discordo.

Outro truque é nunca tomar nada como garantido, questionar sempre e querer saber o exacto porquê das coisas. Podemos também fazer uso do pensamento criativo e tentar pensar em, pelo menos, mais duas perspectivas diferentes. Primeiro uma oposta aquela que nos pareça óbvia e depois uma alternativa.

Eventualmente poderemos criar percepções da realidade mais aproximadas da do outro. Bem, também não há problema em ser completamente diferente, mas depois aguentem-se à exposição ao grupo, argumentem e convençam. Vai haver sempre alguém que discorda, vai haver sempre alguém que acha absurdo, vai haver sempre alguém cético, vai haver sempre alguém critico, mas também vai haver alguém que concorda. A isto se chama diversidade e pensamento livre.

Estratégias, perspectivas, jogos de raciocínio. O que é certo é que somos animais completa e absolutamente sociais. Não fomos concebidos para viver os sozinhos e por isso precisamos inevitavelmente do outro. Precisamos necessariamente de relativizar perspectivas e de saber ouvir (estou a falar de escuta activa, de de facto ouvir) sem o ruído dos nossos egos.

Aturem-se diz o pessimista, divirtam-se assume o optimista.

Eu vou pelo divirtam-se.

Greatings
NSAS

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