Ter medo do escuro é um medo muito comum.
O que é que nos pode acontecer na ausência de luz? É esta a questão que se põe. A ela vêm associadas coisas do nosso imaginário colectivo, e uma quantidade de possibilidades que acreditamos sejam reais. Pode haver monstros, bichos, fantasmas, ladrões, ou até podemos ter medo de morrer. A morte é outro dos medos que nos avassalam e que está associada a um outro: o medo do desconhecido e do que não se controla. Há depois os medos que nos impedem de fazer determinado tipo de coisas. E as fobias que são medos gigantes e incontroláveis. Resumindo, temos medo de tudo aquilo que nos faça sofrer e que represente qualquer tipo de ameaça. Temos medo da doença, das agulhas, das pessoas e até mesmo do amor, e da possibilidade de sermos felizes. Isto remete-me para aquele que considero ser o pior medo de todos: o medo de viver.
Há coisas que são garantidas, logo à partida, quando nascemos. Vamos morrer, vamos pagar impostos e contas, vamos ter muitas alegrias e sofrer. Viver, para mim, significa tirar o melhor partido desta viagem. Significa crescer, experimentar, aprender, trabalhar, conhecer, apaixonar-me e amar. Não considero ser possível viver sem amar. Amar pessoas, coisas, locais, histórias e sobretudo aquele alguém que nos faz borboletas no estômago.
De quê que se tem medo no amor?
Óbvio, de nos magoarmos. E como é que não nos magoamos? Não sei! Não é não amando certamente.
O que é que fazemos?
Criamos carapaças, armaduras que nos impedem de dizer o que sentimos, o que pensamos e o que pensamos sobre o que sentimos, porque temos medo do que o outro vai pensar e de como vai usar a informação. Pensamos cuidadosamente sobre o que sentimos, porque temos medo de sentir,e de ficar dependentes, racionalizando e pensando em todos os pormenores. Temos medo de ser naturais e que a outra pessoa descubra o que de facto somos, com todos os nossos defeitos, desinteresses, e aquele ar estranho com que acordamos de manhã. Hello!!!! Ninguém acorda penteado e maqueado, isso é só nas telenovelas. Temos medo do que o outro pensará sobre o nosso corpo, ou sobre a nossa performance na cama. Será que gostou?? Será que não?? Pensamos cuidadosamente no que dizemos ao outro de forma a que haja várias possibilidades de resposta de acordo com a reacção do interlocutor. Temos medo de tocar, de olhar para o outro com todas as suas infinitas possibilidades, porque temos medo de como vai reagir ou ou não vai agir. Enquanto vivemos ocupados e preocupados com todos estes cenários, não vivemos, e muito dificilmente vamos ser amados na proporção da expectativa criada. Para além de tudo isto, há o medo da perda. Ficamos assustados com a possibilidade de perder e vêmos todos os(as) amigos(os) dos nossos mais que tudo como potenciais ameaças, e queremos conhecer e saber tudo e participar em tudo, precipitando as coisas para o fim. Fujimos de tudo o que é diferente, independente, porque não sabemos com lidar e temos medo de nos magoar. Nem sempre dizemos a verdade, porque temos medo da reacção,mesmo sabendo que a mentira nunca resulta e que provavelmente vai piorar as coisas.
Amar é sinónimo de dar, de aceitar o outro como é, dar espaço para que duas identidades existam e cresçam.
Alguém me disse uma vez: os medos são etapas do crescimento das pessoas. Servem para nos alertarem dos perigos mas não nos podem impedir de fazer coisas. É tipico de seres inteligentes terem medo, pois prospectivam as possibilidades de acontecimentos, mas esses seres inteligentes também criam uma espiral de justificações para manterem os medos.
Prometo dizer o que penso, mas sobretudo dizer o que sinto, fazer o que me apetecer, mesmo que isso implique que a pessoa a quem se destina os afectos se afaste. Prometo ser verdadeira, sobretudo comigo, porque quero viver, independentemente dos medos.
Greatings
NSAS
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4 comentários:
ei ei tu começaste c o blog em força!
texto profundo, cheio mas cheio de verdades.. admiro quem escreve e escreve sem medo de saber q alguem vai ler o q foi escrito. Sem medo! Só por isso tens os meus parabéns ;)
ja tinha percebido o quanto es inteligente mas.....possa Susana...deixas a pensar o mais insensível e burro dos seres humanos (ou talvez não, pois concerteza não atingem a dimensão da tua mensagem.
Devias escrever um livro muito sinceramente.
Parabéeeeeennnnnnsssssssss.
Só queria um décimo dos teus neurónios
Todos temos medos, uns mais vincados do que outros. Surgem sempre associados a experiências de vida, têm um sentido protector. Por outro lado, inibem, bloqueiam o processo de racionalização,não percebemos porque reagimos de determinadas formas. Acho que ele nem é positivo, nem negativo. Os medos mudam ao longo do tempo. Existem sempre! São importante para a nossa sobrevivência. Temos que aprender a conviver com eles, a controlá-los ou a deixar-nos controlar por eles. É sempre uma opção, na maioria dos casos. Tenho muitos medos, uns pequeninos, outros mais crescidos e uma fobia looll (será só uma??)mas muitas vezes acho que "o nosso pior medo..." é o medo de ter medo!
E o que fazer? Dessensibilização Sistemática?? Lololl
Beijinho Su, parabéns pelo teu blog
Medos???Tema complicado e assustador, de uma forma estupida, para uma grande parte das pessoas. Parabens Susana pela forma como abordas este tema...Tocas nas feridas. Temos vergonha de demonstrar que temos medos, usando permanentemente a carapaça para darmos uma imagem de fortes...Já fui assim e era muito menos feliz...Devemos ser autenticos e não ter medo de ter medo...especialmente de Amar, de Sentir e, acima de tudo, de Viver a Vida o mais intensamente possivel...Agora penso assim...sem medo dos meus medos...
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